Informações de bastidores confirmam venda do estádio do Bugre


Desde 2008 através de uma assembleia extraordinária, a negociação de toda a área do estádio Brinco de Ouro da Princesa foi aprovada pelo conselho deliberativo do Guarani Futebol Clube e, desde então, muitas informações e boatos surgem de tempos e tempos, levantando detalhes da negociação, tratada como segredo de estado pelo atual presidente, Leonel Martins de Oliveira, que sempre desconversava quando era perguntado sobre o assunto.

Porém, no último dia 8, o ex-presidente bugrino Beto Zini divulgou uma carta aberta a toda a coletividade bugrina garantindo com todas as letras que o negócio já foi fechado, faltando apenas a divulgação por parte do presidente.

Em meio a um ambiente político conturbado, Leonel estaria esperando o momento certo para divulgar o fechamento do negócio. Candidato à reeleição (o pleito está marcado para o dia 1
º de Março), o atual presidente estaria fazendo desta história, que já virou uma verdadeira novela, uma jogada política, para garantir mais votos dos associados.
Na carta com seis páginas, Beto Zini é enfático ao dizer que já está tudo vendido: “(...) é a continuidade da atual administração que está ha cinco anos lutando pela venda do Estádio e que acabou de ser concluída”. Por fim, Beto Zini decreta: “Até por que, Leonel, já ganhou as eleições, o estádio já foi vendido, tudo que nós podemos fazer é de alguma forma ajudar”. O outro lado tem uma versão diferente.
Segundo o atual mandatário do Bugre, Leonel Martins de Oliveira, os relatos de Beto Zini não têm fundamento: "O estádio do Guarani não foi vendido e esta questão só poderia ser levantada por pessoas ligadas à atual diretoria e pelo seu presidente. As negociações estão adiantadas. No momento que isso ocorrer, se ocorrer, estarei aqui para noticiar oficialmente o fato", explicou, em entrevista coletiva concedida na sala de imprensa do estádio.
Mas informações de vários segmentos (poder público, setores jurídicos e de engenharia de infraestrutura) de Campinas garantem que uma grande construtora já tem o projeto totalmente concluído e que o contrato de permuta já está na mesa e nas mãos do presidente Leonel. Todas as informações, se apuradas com a devida atenção, vem se encaixando ao longo do tempo, e por isso a veracidade dos fatos agora toma proporções muito altas.
Desafeto declarado de Beto Zini, Leonel não acredita que de uma hora para outra o ex-presidente passaria a apoia-lo, como diz na carta: “ninguém sabe mais do nosso Clube hoje que o nosso atual presidente (...) Gostaria muito que não houvesse oposição nas eleições deste ano. Porque apesar de ser pessoas, acredito verdadeiramente bugrinos, não estão preparadas para assumir um clube da grandeza do Guarani”.

Entenda o que foi acertado em 2008: Na assembleia foram acertados os detalhes do projeto de reconstrução do Guarani Futebol Clube e foi decidido que a saída mais viável para livrar o clube da sua dívida, que gira em torno de R$ 190 milhões, seria a negociação da área do estádio Brinco de Ouro e também de todo o complexo do clube. Existem outras possibilidades de solucionar o problema sem passar pela negociação do patrimônio do clube, como investir em ações de marketing e na marca Guarani, visto que o clube continua sendo lucrativo financeiramente, com arrecadação superior aos gastos e, mesmo tendo feito vários acordos na Justiça, a diretoria diz que o Guarani ficaria eternamente refém de suas dívidas e de seus juros se o problema não for resolvido de forma imediata e única.

As premissas acertadas foram: Equacionar dívidas, gerar novas receitas, ter autonomia do departamento de futebol, profissionalizar e fortalecer a administração do clube.
Como garantias, ficou acertado a realizações de consultorias, auditorias, securitização e de retenção de posse.
Ficou traçado como metas os seguintes itens: modernizar a estrutura do clube, saldar todas as suas dívidas, valorização dos títulos de sócios, e o fortalecimento do futebol.
Para que o complexo aonde está o Guarani seja negociado, as seguintes condições devem ser cumpridas rigorosamente pelos interessados na aquisição da área do Guarani:
ARENA MULTIUSO
- Capacidade: 32.000 pessoas
- Padrão FIFA
- Arquibancadas Cobertas
- Estacionamento para 5000 carros
- Área VIP/ Camarotes
- Sala de Souvenires
- Memorial
- Restaurantes
- Lojas
- Centro de Convenções

CENTRO DE TREINAMENTO

- Alojamentos
- Concentração
- 6 Campos de Futebol (Jogos da categoria de base)
- Refeitórios
- Lavanderia
- Recreação e Estudos
- Fisioterapia
- Departamento Médico
- Administração

NOVO CLUBE

- Salão Social, sauna, sala de musculação, playground e churrasqueiras
- Ambulatório Médico
- Futebol Society
- Quadras de Tênis, com bares e lanchonetes
- Ginásio de Esportes e Loja Guarani
- Setor Administrativo e secretaria completa


Com preço de venda estimado em R$ 300 milhões de reais, todo o negócio seria na modalidade permuta, com a entrega da área do Guarani apenas quando todas as exigência aprovadas na assembleias forem plenamente atendidas.
Com bens e receitas penhorados, o Guarani teria suas dívidas trabalhistas pagas pelo grupo de investidores, além de ter um investimento de R$ 30 milhões no departamento de futebol – que seria recebido em 30 parcelas mensais de R$ 1 milhão.
As instalações de um novo Centro de Treinamento, com 10 campos e alojamento para 300 atletas, e de uma nova sede social, no espaço do atual CT bugrino, também estão nos planos. História viva do clube e do futebol brasileiro, o Brinco de Ouro, por sua vez, seria demolido. Em seu lugar, os compradores pretendem construir um shopping center.
Em abril do ano passado, o Brinco foi penhorado por uma liminar da Justiça devido a uma dívida trabalhista de R$ 20 mil com uma ex-funcionária. Mas o departamento jurídico do clube conseguiu cassar a decisão, que, até então, impedia qualquer negociação do estádio.
A eleição do próximo dia primeiro promete ser muito acirrada e, até lá, muitas especulações acerca do assunto certamente surgirão, mas espera-se uma vitória do atual presidente, que detém de um maior apoio por parte dos associados com direito a voto (mas que não tem quase nenhum apoio dos torcedores em geral)  e que, após isso seja anunciada de fato a concretização da permuta, visto como um dos maiores (senão o maior) negócio envolvendo um clube do futebol brasileiro, com toda a tradição e história que o Guarani Futebol Clube conquistou ao longo de 100 anos de histórias e glórias.

Dentro de campo, Argel está revoltado: Logo após a partida realizada na última quarta-feira, o treinador do Bugre, Argel Fucks, ficou muito irritado com a estrutura do estádio Martins Pereira em São José dos Campos e também com o tratamento que a diretoria do time local deu ao comandante e a comissão técnica do Guarani.
O principal motivo do nervosismo de Argel é com o comportamento dos gandulas. O bugrino ameaçou retirar os gandulas do Estádio Brinco de Ouro da Princesa e criticou ainda a atuação do árbitro Sálvio Spinola Fagundes de Filho.
“Só no nosso estádio tem gandula. Mas não vai ter mais não. O que acho engraçado é um juiz da Fifa, como o Sálvio, fazer uma reunião de meia hora, com os gandulas, no centro do gramado. Ele deu uma palestra, para a torcida inteira ver, antes e no intervalo da partida. Não tem pulso nenhum”, esbravejou o treinador.
Argel reconheceu, porém, que seus jogadores cometeram muitas falhas graves durante o jogo, inclusive um gol incrível perdido por Fabinho, e que isso foi determinante para a derrota: “Acontece, até o Pelé errava às vezes. Cometemos falhas que não vinham ocorrendo. Futebol é engraçado. Tivemos bom volume, jogamos ofensivamente, e perdemos. Contra o Red Bull nem fomos tão bem e vencemos. Hoje tivemos chances e perdemos”, finalizou.

Fábio Viana - Total A2
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